Hoje é dia de tirar um projeto do papel. Estou há alguns dias em casa cumprindo o isolamento social devido ao COVID – graças a Deus sem muitos sintomas, apenas um nariz escorrendo – e já fiz tudo que tinha que fazer nessa casa: aspirei, arrumei, assisti séries, aguei as plantas e as coloquei na varanda para um solzinho, mexi no celular, paguei os boletos do dia primeiro, peguei minha agenda para ver minhas anotações…
Eu amo ler e escrever. Sempre foi algo que me ajudou a relaxar, desconectar um pouco do mundo virtual e da correria do dia-a-dia. Desacelerar. Muitas pessoas acham que sou calma e tranquila por verem apenas parte da minha vida que compartilho no Instagram, mas quem convive comigo de perto sabe o quão inquieta de fato sou e o esforço que faço para incluir rituais no meu dia-a-dia afim de buscar essa tal “serenidade”.
Hoje tem um pouco mais de 14 meses que estou morando nos Estados Unidos. Ontem compartilhei um post que achei no Instagram vizinho que resumiu de forma muito simples e clara o que foi meu primeiro ano aqui, e que na verdade ainda está sendo. A imagem era de um “iceberg da vida no exterior”, o que aparece desse iceberg – o que as pessoas conseguem ver – são fotos de viagens e ganhar em dólar, enquanto o que ninguém vê – nossos desafios diários – está no fato de recomeçar, reaprender a se comunicar, reinventar sua rotina, aceitar o tempo de cada coisa, se adaptar à outra cultura e lidar com a saudade. Viver no exterior dá trabalho, exige resiliência e flexibilidade para lidar com toda a complexidade desse processo.
Comecei dizendo que amo ler e escrever, coisas simples que sempre estiveram na minha rotina e que precisei deixar de lado para abrir espaço ao que me exigia mais nesse momento. Não só hobbies muitas vezes são colocados de lado como você também se vê fora da sua bolha, tendo que lidar com inúmeros desafios e desenvolver habilidades que só dependem de você pois seus amigos e sua família não estão lá para tornar tudo mais leve. Por sorte, eu não vim sozinha. Era eu e Gabriel passando por todos esses desafios juntos, ele com um pouco mais de experiência do que eu por já morar alguns anos fora, porém agora como casal morando em um studio que foi nosso primeiro lar por 1 ano. Tenho certeza que ele vai pro céu. Eu não acho que tive TPM até vir morar nos EUA, ou melhor, eu acho que aqui tudo fica mais intenso exatamente por todos esses motivos que listei acima.
Vamos falar agora do lado bom disso tudo? Afinal, minha intenção não é desanimar ninguém de ir morar fora não! Rsrs. Só acho que não poderia começar esse blog fazendo você acreditar que tudo são flores, viagens e dólares enquanto há muita correria aqui por trás e alguns desafios – como você vai encontrar em qualquer lugar do mundo, basta ser adulto e estar vivo. Falando em vida de adulto, são exatamente esses desafios que fazem a gente crescer. Cada situação que vivi até agora percebi o quão necessário era para que eu pudesse crescer e criar habilidades para dar os próximos passos para chegar onde quero chegar.
Sempre quis morar na Califórnia, disso todos meus amigos e família estão cientes há tempos. Sempre esteve entre as minhas afirmações diárias e não tinha dúvidas de que iria se concretizar. Com a pandemia, tornou possível realizar o meu sonho de trabalhar online fazendo o que eu amo. Hoje moro em um apartamento que sou apaixonada há três quadras da praia, no sul da Califórnia – onde estão as praias mais famosas e lindas do país. Minha alimentação é orgânica, com alimentos contendo lista de ingredientes naturais, sem hormônios e sem glúten, tudo com preço justo além de práticos para auxiliar na correria do dia-a-dia. Faço aulas de yoga de graça – você pode fazer uma doação se quiser – que acontecem 365 dias por ano em um gramado que reúne cerca de 100 pessoas diariamente, com vista para a praia e também do pôr-do-sol durante o verão. Pago 19 dólares para treinar em uma academia moderna que me permite treinar em qualquer unidade da rede. Entrego meu celular para a operadora e ela me dá um Iphone da ultima geração só para manter a fidelidade à ela. Saio para pedalar com meu celular ou sento no parque com o meu Mac e não sinto medo. Se faço uma compra e se me arrependo, devolvo e pego meu dinheiro de volta. Compro os melhores suplementos do mundo com valor muito acessível. Estou cada vez mais tendo de fato o inglês como segunda língua e não vejo a hora de dar início às minhas formações internacionais nas instituições que são referência mundial. Me visto como quero, faço unha se estou afim e ninguém está nem aí. Durante as férias, feriados ou até mesmo final de semana, podemos pegar o carro e aproveitar as largas pistas da freeway para ir à alguma praia da região ou subir em direção ao norte da costa, um parque nacional como Yosemite, uma montanha para um Snow como Big Bear, um lago como Lake Tahoe que é tão lindo no inverno quanto no verão, um deserto como Joshua Tree, visitar a região mais famosa dos vinhos californianos – ah, tem isso também, a garrafa do meu favorito no Trader Joe´s não passa de 5 dólares! – chamada Sonoma e Napa… entre tantas outras milhares de possibilidades. E se não quiser fazer nada disso de carro, fazemos facilmente de avião pagando cerca de 50 dólares ida e volta quando programado.
Em resumo, é muito bom você poder morar em um lugar onde o seu poder de compra é maior, você tenha acesso à uma alimentação de qualidade e que contribua para a preservação do meio ambiente, você se sinta seguro e que seja um lugar desenvolvido. A partir dessa breve introdução apresentada à vocês, darei início à esse blog compartilhando tudo que achar interessante em variados tópicos sobre como tem sido “viver na Califórnia”.
